COCAÍNA, CRACK E MERLA
O que é ? A cocaína é uma
substância natural, extraída das folhas de uma planta que ocorre exclusivamente
na América do Sul: a Erythroxylon coca, conhecida como coca ou epadú , este
último nome dado pelos índios brasileiros. A cocaína pode chegar até o
consumidor sob a forma de um sal, o cloridrato de cocaína, o "pó",
farinha" que é solúvel em água e, portanto, serve para ser aspirado ou
dissolvido em água para uso endovenoso; ou sob a forma de uma base, o crack que
é pouco solúvel em água mas que se volatiliza quando aquecida e, portanto, é
fumada em "cachimbos". Também sob a forma de base, a merla (mela, mel
ou melado) preparada de forma diferente do crack, também é fumada. Por
apresentar um aspecto de "pedra" no caso do crack e "pasta"
no caso da merla, não podendo ser transformado num pó fino, tanto o crack como
a merla não podem ser aspirados como é o caso da cocaína pó, e por não serem
solúveis em água também não podem ser injetados. Por outro lado, para passar do
estado sólido ao de vapor quando aquecido, o crack necessita de uma temperatura
relativamente baixa (95° C) o mesmo ocorrendo com a merla, ao passo que o
"pó" necessita de 195° C. Por esse motivo o crack e a merla podem ser
fumados e o "pó" não.
Há ainda a pasta de coca que é
um produto grosseiro, obtido das primeiras fases da separação de cocaína das
folhas da planta quando estas são tratadas com álcali, solvente orgânico como
querosene ou gasolina e ácido sulfúrico. Esta pasta contém muitas impurezas
tóxicas e é fumada em cigarros chamados "basukos".
Quais são seus efeitos? Tanto
o crack como a merla também são cocaína, portanto todos os efeitos provocados
pela cocaína também ocorrem com o crack e a merla. Porém, a via de uso dessas
duas formas (via pulmonar, já que ambos são fumados) faz toda diferença entre o
crack e a merla e o "pó". Assim que o crack e a merla são fumados
alcançam o pulmão, que é um órgão intensivamente vascularizado e com grande
superfície, levando a uma absorção instantânea. Através do pulmão, cai quase
imediatamente na circulação cerebral chegando rapidamente ao cérebro. Com isto,
pela via pulmonar o crack e a merla "encurtam" o caminho para chegar
ao cérebro, aparecendo os efeitos da cocaína muito mais rápido do que outras
vias. Em 10 a 15 segundos os primeiros efeitos já ocorrem, enquanto que os
efeitos após cheirar o "pó" acontecem após 10 a 15 minutos e após a
injeção, em 3 a 5 minutos. Essa característica faz do crack uma droga
"poderosa" do ponto de vista do usuário, já que o prazer acontece
quase que instantaneamente após uma "pipada".
Porém a duração dos efeitos do
crack é muito rápida. Em média duram em torno de 5 minutos, enquanto que após
injetar ou cheirar, em torno de 20 e 45 minutos, respectivamente. Essa pouca
duração dos efeitos faz com que o usuário volte a utilizar a droga com mais
freqüência que as outras vias (praticamente de 5 em 5 minutos) levando-o à
dependência muito mais rapidamente que os usuários da cocaína por outras vias
(nasal, endovenosa).
Logo após a
"pipada"seus usuários dizem sentir uma sensação de grande prazer, e
intensa euforia e poder. Essas sensações parecem ser tão agradáveis aos seus
usúarios que logo após o desaparecimento desse efeito, ele volta a usar a
droga, fazendo isso inúmeras vezes até acabar todo o estoque que possui ou o
dinheiro para conseguí-lo. A essa compulsão para utilizar a droga
repetidamente, dá-se o nome popular de "fissura" que é a vontade
incontrolável de sentir os efeitos de "prazer" que a droga provoca. A
"fissura" no caso do crack e merla é avassaladora, já que os efeitos
da droga são muito rápidos e intensos.
O crack e a merla também
provocam um estado de excitação, hiperatividade, insônia, perda de sensação de
cansaço, falta de apetite. Este último efeito é muito característico do usuário
de crack e merla. Após ao uso intenso e repetitivo o usuário experimenta
sensações muito desagradáveis como cansaço e intensa depressão.
Efeitos tóxicos - A tendência
do usuário é aumentar a dose de uso na tentativa de sentir efeitos mais
intensos. Porém essas quantidades maiores acabam por levá-lo a comportamentos
violentos, irritabilidade, tremores e atitudes bizarras devido ao aparecimento
de paranóia. Este efeito provoca um grande medo nos craqueros, que passam a
vigiar o local onde estão usando a droga e passam a ter uma grande desconfiança
uns dos outros o que acaba levando-os à situações extremas de agressividade.
Eventualmente podem ter alucinações e delírios. A esse conjunto de sintomas
dá-se o nome de "psicose cocaínica". Além desses sintomas descritos,
o craquero e o usuário de merla perdem de forma muito marcante o interesse
sexual.
O crack e a merla podem
produzir um aumento das pupilas (midríase), afetando a visão que fica
prejudicada, a chamada "visão borrada". Ainda pode provocar dor no
peito, contrações musculares, convulsões e até coma. Mas é sobre o sistema
cardiovascular que os efeitos são mais intensos. A pressão arterial pode
elevar-se e o coração pode bater muito mais rapidamente (taquicardia). Em casos
extremos
A cocaína induz tolerância que
pode ser observada em todas as vias de administração. Não há descrição de uma
síndrome de abstinência quando a pessoa para de usar cocaína abruptamente: ela
não sente dores pelo corpo, cólicas, náuseas, etc. O que ocorre é que essa
pessoa pode ficar tomada de grande "fissura" desejando tomar de novo
para sentir os efeitos agradáveis e não para diminuir ou abolir o sofrimento
que ocorreria se realmente houvesse uma síndrome de abstinência.
Saiba um pouco mais... Antes de se conhecer e de se
isolar cocaína da planta, esta era muito usada sob a forma de chá. Ainda hoje
este chá é bastante comum em certos países como Peru e Bolívia, sendo que neste
primeiro é permitido por lei, havendo até um órgão do Governo o "Instituto
Peruano da Coca" que controla a qualidade das folhas vendidas no comércio.
Este chá é até servido aos hóspedes nos hotéis. Acontece que sob a forma de
chá, pouca cocaína é extraída das folhas; além do mais, ingere-se (toma-se pela
boca) o tal chá, sendo pouca cocaína absorvida pelos intestinos que começa a
ser metabolizada pelo sangue e, indo ao fígado, é, em boa medida, destruída
antes de chegar ao cérebro. Em outras palavras quando a planta é ingerida sob a
forma de chá, muito pouca cocaína chega ao cérebro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário